Óscar, César e a arte dos troféus

A 28 de fevereiro, ocorreu a 39.ª cerimónia dos César; a 2 de março, será a dos Oscares.

Mais conhecido – e reproduzido! – o Oscar é uma estatueta de 35cm de altura, criada pelo escultor George Stanley a partir de um esboço em papel desenhado por Cedric Gibbons, diretor de arte da Metro-Goldwyn-Mayer e um dos membros originais da Academia (Academy of Motion Picture Arts and Sciences). Obra art déco, esquematizada e estilizada ao gosto da época, representa um cavaleiro desnudo, de pé, sobre um rolo de filme, com os braços cruzados à frente e mãos enluvadas a segurar uma espada ao longo do corpo, definindo o eixo da composição simétrica e acentuando o seu caráter frontalizado. O nome Oscar terá sido circunstancial, substituindo a designação oficial de Academy Award.

Em contrapartida, a designação do troféu César alude diretamente ao seu criador, o escultor francês César Baldaccini, um dos principais nomes do movimento Nouveaux Réalistes, conhecido pelas compressões metálicas feitas com materiais de recuperação, de diferentes tipologias, cromatismos e tamanhos, como carros ou talheres, compactados por uma prensa hidráulica. Numa crítica provocatória à sociedade de consumo da década de 1960, César desconstruía e impunha uma nova ordem aos objetos destituídos da funcionalidade de origem.

Quando, em 1975, Georges Cravenne fundou a Académie des arts et techniques du cinéma, escolheu César para criar uma contrapartida ao troféu americano. E César propôs-lhe um paralelepípedo de 29,6cm, com uma compressão de pegas, dobradiças e guarnições de bronze retiradas de cómodas e armários, numa antítese à ergonomia do troféu americano.

Semelhanças entre os dois troféus, apenas a correspondência em quatro das cinco letras de cada um, as consoantes SCR e a vogal A.

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